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Um pouco da nossa  história: As origens da cerâmica.

 

Mais uma estória da cerâmica.

 
 

A mão, os dedos (do artesão)

   
 
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Sobre a morte e o morrer

 

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Gostaria de dedicar uma pequena parte deste espaço  a dois grandes ceramistas  pelos quais tenho enorme admiração: Shôjï Hamada, japonês, (1894-1978) e Bernard Leach, inglês, (1887-1979) . A eles, certamente, a cerâmica contemporânea deve muito do seu desenvolvimento no Ocidente.
Ao ler “Hamada Potter” de Bernard Leach, deixei-me fascinar pelos sensíveis e inteligentes "diálogos" e correspondências entre ele e Hamada, onde é impressionante a força e a determinação de ambos em relação ao trabalho com a cerâmica.

 Hamada está entre as figuras mais importantes deste século no mundo da cerâmica. Seu trabalho internacional é aclamado e tem lugar de destaque nas principais coleções americanas e européias. No início da carreira de ceramista dizia que não assinava suas peças porque ninguém o conhecia; depois que ficou famoso também não as assinava porque dizia que se todos conheciam suas peças elas também não precisavam de assinatura, deveriam ter vida própria.

Bernard Leach, nasceu en Hong Kong, de família britânica, e seus primeiros passos na arte foram como pintor e aquarelista. Em 1909 viajou ao Japão, aonde estudou cerâmica com Ogata Kenzan VI (último da dinastia formada por Ogata Kenzan). Foi o primeiro ceramista europeu que assimilou integralmente a estética e a filosofia dos antigos ceramistas japoneses, coreanos e chineses, e um pioneiro nos intentos por introduzir estes conceitos no Ocidente. 
Em 1920, depois de passar onze anos no Oriente, voltou à Inglaterra e fundou a Cerâmica Leach em St. Ives, na península da Cornualha, com seu discípulo e colega japonês Shoji Hamada, o qual três anos depois regressaria a seu país e seria o principal ceramista de sua época. Segundo se sabe, ainda distanciados levaram uma amistosa relação de intercambio durante muito tempo.
Josep Llorens Artigas, o mais famoso ceramista espanhol (se levamos em conta que Picasso não foi um verdadeiro ceramista), deixou uma afirmação que mostra sua admiração por esta dupla: "Bernard Leach, inglés, y Shoji Hamada, japonês, são para mim os dois apóstolos contemporâneos da arte".
Leach, mesmo influenciado pela cerâmica inglesa medieval e do século XVII, se deixou levar sobre tudo por seu conhecimento do raku japonês, uma forma de cerâmica áspera e tosca, porém de grande força e beleza. Sua obra pessoal inclui sobre tudo peças de uso doméstico, como vasilhas, jarras, pratos; a forma é sensível  e robusta, de paredes grossas e sempre imperfeitas, decoradas com esmaltes clássicos orientais, como o famoso celadon, e algumas decorações com traços rápidos, com temas de plantas ou animais. Afirmava que "os vasos de barro, como todas as formas de arte, são expressões humanas", e através de suas obras e de seus escritos lhe devemos a introdução na Europa do conceito japonês do ceramista como "artista", e não como mero artesão, assim como a idéia de que o vaso modelado a mão, com uma textura superficial irregular, é de algum  modo "superior" as peças melhor acabadas de cerâmica ou porcelana, quer feitas a mão ou a máquina, antigas ou modernas.

Em seu maravilhoso livro “Manual del ceramista” (A Potter’s Book), a parte  muitas questões técnicas, fórmulas de esmaltes e narrações de famosas queimas, Leach se manifesta sempre contra a produção industrial, contra a manufatura fria de produtos que podiam continuar sendo feitos a mão. Obviamente era um romântico, porém em vista do desenvolvimento atual da humanidade, seguramente se necessita, gente como ele, que leve seus princípios pessoais mais além da terrível lógica do consumismo.
Hamada e Leach estabeleceram novos padrões da arte em seus próprios países e influenciaram artistas, artesãos  e ceramistas de todo o mundo.
“O Início do século XX foi marcado pelo crescimento da cerâmica de atelier, tal como exemplificada pelos trabalhos de Leach, que unia as filosofias oriental e ocidental e proclamava ‘um modo de vida’ no qual a mente, o coração e as mãos coexistiam em equilíbrio e harmonia. A cerâmica de atelier encontra então seu próprio espaço. Hoje, não apenas a fronteira entre a arte e o artesanato não é mais nítida, como também não há mais uma clara linha divisória entre o objeto artesanal e o design industrial. Finalmente, as peças únicas em cerâmica passam a ser valorizadas segundo os critérios das artes plásticas. É a beleza e a qualidade que caracterizam uma boa peça cerâmica e que trazem prazer à nossa vida diária e à sociedade em que vivemos.” (Janice Tchalenko – Curadora da Exposição Cerâmica Britânica, 2000

       
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"o pote é o homem;
suas virtudes e vícios
são mostrados nisso -
nenhum disfarce é possível"
Bernard Leach
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