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Pergunta: As peças feitas com argila podem ser queimadas em forno comum, tipo caseiro?
Resposta: Não. A queima das peças precisa atingir uma temperatura relativamente alta, acima de 900º C, o que um forno convencional, de cozinha, não alcança.
Pergunta: Os esmaltes usadas nas peças de cerâmica precisam necessariamente irem ao forno?
Resposta: Para você vitrificar as peças, o que dá aquela aparência de brilho e impermeabilidade, há a necessidade de ir ao forno. Para pinturas decorativas, existem algumas tintas frias, estas não necessitam serem queimadas. Porém seu uso é apenas decorativo.
Pergunta: O que fazer para que uma peça que está sendo feita possa ser manuseada durante muitos dias sem endurecer a argila?
Resposta: Como a água que está na peça crua tende a evaporar, deve-se manter a peça enrolada em sacos plásticos ou outra embalagem qualquer, desde que não permita que haja desidratação. Sendo assim, pode-se levar muito tempo manuseando e confeccionando a peça desejada. O importante pois é manter a peça úmida, porém sem excesso de água.
Pergunta: Por que muitas vezes uma peça feita com rolinhos apresenta fissuras ou rachaduras depois de queimada?
Resposta: Geralmente as peças executadas com rolinho são feitas por iniciantes que levam muito tempo na execução, permitindo que as partes da peça não sequem por igual. Sabemos que um dos grandes problemas do empenamento e das rachaduras, deve-se ao fato de que uma peça seca muitas vezes de forma desigual. A uniformidade da secagem contribui para o grande sucesso e resultado da peça após a queima.
Pergunta: O que faz uma peça secar mais rápida que outra?
Resposta: Na cerâmica temos que levar em conta muitas variáveis, sempre. No caso da secagem por exemplo, depende da espessura da peça, da argila utilizada (se tem ou não chamote), da atmosfera exterior, do lugar que foi posto para a secagem, e por aí vai...
Pergunta: Por que é tão difícil a execução de placas na cerâmica, sem empenamentos e rachaduras?
Resposta: As placas precisam secar o mais uniformemente possível, daí o melhor é colocá-las para secar em cima de um estrado, já que isto permite a aeração também pela parte de baixo (inferior), fazendo com que a secagem ocorra, simultaneamente, em ambos os lados, diminuindo assim o risco de deformações e o aparecimento de rachaduras. Muitos pensam que o melhor a fazer é colocar peso encima da placa, o que também nem sempre leva a bom resultado, já que a água contida no seu interior acaba procurando saída pelas arestas laterais, que secam primeiro por estarem em contato com o ar ambiente, acarretando tensões que poderão provocar rachaduras. Vemos por isso, muitas vezes as pontas ficarem levantadas e disformes.As melhores massas para serem utilizadas em placas são as com chamotes, ou com materiais que tenham menor retração.
Além disso tudo, também ajudam os cuidados com os procedimentos de secagem. Iniciar a secagem com a peça coberta por plástico, para impedir uma saída muito rápida da água que está mais próxima da superfície, causando uma retração localizada que pode originar trincas. Aos poucos a cobertura vai sendo retirada até que a peça possa secar descoberta. A secagem lenta e uniforme, leva ao sucesso na execução e na qualidade da peça.
Pergunta: Gostaria de saber se posso usar argila já seca para transforma-la em barro novamente.
Resposta:Você coloca toda a argila seca num balde e cobre com agua. Deixa ela dissolver toda, o que acontece com menos de um dia, a depender da quantidade de argila. Ela vai virando um creme.
Daí você todo dia você tira um pouco da agua na qual a argila está decantando; quando tiver quase sem agua na superfície, você a coloca numa placa de gesso (ideal), ou num jornal , para que o excesso de agua saia. Assim ela vai perdendo água, até chegar ao ponto que você poderá tomá-la nas mãos e amassar, deixando-a bem compactada e com a umidade uniforme. Aí está pronta para uso.
Pergunta: Para que serve a bortina?
Resposta: A argila só manifesta a propriedade de aderir à outra massa caso haja umidade suficiente nas duas partes. Elementos de argila plástica se "pegam" por pressão sem a necessidade de barbotina. Caso um desses elementos de argila esteja no ponto de couro já há a necessidade do auxílio da barbotina. Se as partes de argila que devem ser "grudadas" já perderam uma boa parte da umidade, a adesão fica prejudicada pois sem a água, não há plasticidade. E sem plasticidade não ocorre a "pega" das duas partes em contato.
O objetivo da barbotina é devolver uma parte da umidade perdida durante o processo de secagem. É sempre bom ser generoso na quantidade de barbotina usada, para permitir uma boa adesão.
Já a função da texturização (quando ranhuramos as duas superfícies) é criar um aumento da superfície de contato para que a umidade possa penetrar na massa já ressecada e melhorar a "colagem".
A barbotina deve ser feita da própria argila de trabalho, pois assim o encolhimento e a coloração da "junção" serão adequados.
A seguir dicas fáceis e rápidas de como fabricar uma boa barbotina:
1. Tenha um liquidificador ou um mix, que pode ser velho desde que seja funcional.
2. Tenha a mão à argila de trabalho, vinagre, água, e uma peneira malha 30 (pode ser uma daquele tipo de "cozinha").
3. Primeiro coloque uns 200ml de água no liquidificador.
4. Depois coloque a argila plástica em pequenos pedaços, deixando bater bem...tudo.(Você vai precisar uns 300g da argila!)
5. Acrescente umas duas colheres de sopa de vinagre durante a mistura. Isso fará a barbotina "batida" encorpar muito e talvez seja necessário acrescentar mais água, principalmente se o liquidificador ficar batendo em seco!
6. Continue batendo até conseguir uma barbotina lisa e de consistência encorpada (ponto de iogurte)
7. Passe tudo pela peneira e coloque em um recipiente com tampa. Não esqueça de colocar etiqueta informando qual argila usada.
8. Pronto você já fez uma boa quantidade de barbotina. Essa dica pode também ser usada para a confecção de engobes.
Obs: A função do vinagre é acrescentar um teor de acidez à barbotina. As substâncias ácidas aumentam a "adesão" entre as partículas de argila, facilitando assim uma melhor colagem.
Uso obrigatório da barbotina:
I. Duas peças no ponto de couro
II. Uma no ponto de couro e outra no ponto plástico ou de modelagem.
Uso opcional da barbotina:
III. Duas peças no ponto plástico
— CHITI, Jorge Fernandéz. El libro Del ceramista. Argentina. Ediciones Condorhuasi . 5ª. Edição, 1994.
— Maria Alice Portorossi, diversos
Caso queira fazer algo mais básico, vc pode simplesmente deixar um pedaço de argila secar totalmente, ficar bem seco e colocar num pote com agua. Em pouco tempo ela vai se desolvendo e vira um creme, que já é a cola. Também funciona muito bem. Uso assim no atelier porque é mais prático.
Depois para fazer placas precisamos de fazer rolinhos e emendar um por um?
Resposta: O método do rolinho é um, o das placas é outro.
É claro que vc pode fazer placa unindo vários rolinhos, porém é muito demorado e pouco prático, já que temos métodos mais práticos para esta finalidade.
Após amassar a argila, podemos abri-la um pouco com as mãos e com um rolo de cozinha, uma garrafa grande, ou um tubo de pvc ou de alumínio (gosto mais, pois não estraga facilmente), fazemos igual a massa de pastel, vamos abrindo até a expessura que precisamos. Para se ter uma expessura uniforme, devemos usar dois pedaço de madeira (réguas) que colocamos nas laterais para servir de guia. Estas guias podem ser de expessuras variadas e são elas que nos levarão a expessura desejada.
Ex: guias de 1,8 cm, 2,00 cm e assim por diante. Qto mais aumentamos a largura das réguas, mais grossas ficam as placas.
Existem também máquinas modernas, as plaqueiras, que tenho no atelier a muitos anos, parece uma máquina de fazer macarrão, pastel, massas em geral, e que comprimem a argila e a deixam no tamanho que delimitamos, com muita facilidade e rapidez.
Mas para quem não tem, o método antigo e natural de abrir placas é muito fácil e nos ensina bastante.
Pergunta: Depois para fazer um vaso com rolinhos precisa unir um por um com barbotina?
Resposta: Na verdade depende do ponto em que os rolinhos estão, ou seja a umidade.
Se vc está iniciando a peça num ambiente onde a argila conserva-se muito úmida, vc pode arriscar não reforçar as junções com barbotina. Nas aulas proponho que meus alunos coloquem sempre a barbotina, sem preocupação com o excesso, inclusive, para ter mais segurança, ainda mais quando estão iniciando o processo de aprendizagem.
Pergunta: Ainda podemos fazer uma tigela usando uma de vidro como molde?
Resposta: Podemos; essa técnica inclusive é chamada de superposição, onde a peça matriz serve de base.
Entretanto a de se ter sempre o cuidado de fazer o molde de argila pelo lado de dentro da peça, ou seja, se fazemos um molde de uma tigela de vidro, fazê-lo por dentro da tigela. Isso tem uma explicação física, pois a argila depois de algum tempo começa a secar e a retrair. Se a argila está por fora, ela encontra a resistência da peça de vidro e começa a fissurar e rachar se não tirada a tempo. Já por dentro, não acontece isso, ela retrái e fica ali acomodada , protegida até secar. Inclusive a proteção da peça ajudar a evitar a deformação e empeno em alguns casos.
Pergunta: A argila desgruda quando secar ou precisa um tipo de proteção?
Resposta: Se a peça base é de vidro, madeira, cerâmica, ela precisa receber na sua base um saco plástico, um filme plástico, tecido, o que vc quiser para proteger e evitar que ela fique aderida.
Se a base for de gesso, não precisamos nos preocupar, pois o gesso absorve a agua da peça de argila e vai soltando-se facilmente. Na verdade os molde deveriam ser feitos em gesso, pois seu uso é mais prático e oferece maior qualidade ao trabalho.
Pergunta: Se coloca sabão mesmo em moldes de gesso, como é isso?
Resposta: Aí é outra coisa; vc coloca sabão, vaselina, ou cera, quando está fazendo um molde de determinada peça e não quer que o gesso fique agarrado nela.
Por exemplo: vc tem um anjo barroco que quer fazer o molde de gesso para reprodução. Se vc coloca o gesso diretamente na peça, corre o risco de perder o seu anjo, pois o gesso dificilmente se soltará, principalmente ser for uma peça com muita textura e reentrâncias (prisões), como é o caso das esculturas.
Daí vc passa um desmoldante (sabão, vaselinas, etc) na peça e sobre ela derrama o gesso, que ao endurecer será retirado da peça fazendo uma forma para reprodução.
Pergunta: Sinto a maior dificuldade em reconhecer o ponto de couro. O que fazer?
Resposta: Isso vc vai aprender com o percurso. O aprendizado é fundamental.
Como é que vc sabe quando tirar o pé da acelerador e por no freio, ou na embreagem? Garanto que vc não pensa mais.
O mesmo acontece com os estados da argila, eles vão acontecendo e eu vou trabalhando; às vezes eles me acompanham e não eu a eles.
Vc terá que ir trabalhando e verá que um dia já sabe identificar e não saberá a hora exata em que aprendeu.
É quase sempre assim que funciona um processo de aprendizagem.
No ponto de construção a argila está muito úmida, cheia de agua, plástica, com ela podemos fazer tudo o que quisermos.
Depois, as vezes ainda quando vc está construindo, modelando, a depender do local, do arejamento, da temperatura e da umidade inicial desta argila, vc verá que ela vai perdendo agua e muitas vezes temos que borrifar um pouco de agua antes de fechar o trabalho para o dia seguinte.
Quando retornamos ao trabalho, vemos aos poucos a argila perdendo umidade, e já não é possivel modificar formas, construir novas partes, colar, etc, a não ser que ela vá sendo protegida durante e depois de cada fase desta.
Após finalizarmos a fase da construção, entra a fase do ponto de couro, ou ponto de acabamento, pois a peça não estará mole e úmida suficiente para a modelagem e não estará seca o necessário para a queima. Nesta ponto, a peça adquire mesmo um aspecto de couro, fica lustrosa, mais brilhante, já não tem tanta água, mas não está seca, nem casulo nem borboleta!
Vc verá que ela é ótima para dar acabamento, acertar arestas, fazer frisos, limpar, fazer acabamento de pés, bordas, esculpir como se fosse pedra, madeira, mas já está dura para fazer cortes, com o risco de rachar, se não agora, depois da queima.
Não é difícil, observe.
Pergunta: Como fazer um forno? São duas partes e que é móvel pois tem rodízio. Queria tamanho e material usado. A armação de ferro você encomendou num ferreiro?
Resposta: Esse forno foi criado, projetado e construído por nós do atelier.
É móvel; construímos ele com tijolos isolantes apenas, sem massa ou rejunte entre os tijolos.
Daí depois de subir, mandamos um ferreiro fazer uma armação de ferro, e colocamos os tijolso dentro, também sem massa para fixação.
O rodízio foi para fazermos queimas onde quizessemos.
Pergunta: O botijão de gás dentro do balde plástico com água é por proteção?
Resposta: O gás quando começa a aumentar a pressão, lá pelo meio da queima, corre o risco de congelar, pois a pressão é muito grande;ele vai esfriando o botijão e perdemos a queima, pois o nosso combustível não sai mais. Daí colocamos o botijão dentro da agua morna e vamos aquecendo-o durante a queima. Questões de física e química, complicadas para uma psicóloga, mas que tive que aprender e vc também pode. |
