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Um pouco da nossa  história

As origens da cerâmica.


A cerâmica é uma das artes mais antigas pois se tem datadas algumas peças desde os inícios do Neolítico.


 

À parte as lendas, sabe-se que a cerâmica é uma arte milenar que acompanha os seres humanos desde o momento seguinte ao da descoberta do fogo. Mas o interessante, quando vamos buscar sua história, é observar que, apesar de todo o tempo, há muitas semelhanças entre os processos empregados pelos primeiros artesãos de que se tem notícia e os ceramistas contemporâneos, que exercitam a atividade em seus ateliês, apesar dos incríveis recursos tecnológicos que hoje se encontram à disposição dos ceramistas em países adiantados, como fornos, tornos, argilas, pigmentos, etc.
Mesmo os estudiosos da evolução histórica da cerâmica enfrentam dificuldades para situar com precisão o momento em que o ser humano produziu a primeira peça a partir do barro. Isso ocorreu provavelmente pouco depois que, por acidente, o homem pré-histórico descobriu o fogo e percebeu que a ação das chamas era capaz de endurecer o barro.
A cerâmica passou a substituir a pedra trabalhada, a madeira, e mesmo as vasilhas (utensílios domésticos) feitas de frutos como o côco ou cascas de certas cucurbitáceas (porungas, cabaças e catuto). Daí em diante a cerâmica esteve presente em todos os momentos da vida do homem, quer no seu abrigo (paredes e tetos de casa), quer nos utensílios que usava. Através dela passou também a se exprimir artisticamente nas esculturas religiosas, confecções de seu deuses, imagens, etc. 
As primeiras cerâmicas que se tem notícia são da Pré-História: vasos de barro sem asa, que tinham cor de argila natural ou eram enegrecidos por óxido de ferro. Neste estágio de evolução ficou a maioria dos índios brasileiros, conforme se pode observar nos objetos em exposição nos vários museus.
Na idade do bronze, esses vasos já tinham asas e a cerâmica era mais torneada (algumas tribos brasileiras alcançaram esta evolução).
Num estágio mais avançado, um verniz lustroso começou a cobrir as vasilhas e o barro passou a ser vidrado. E evoluiu com o esmalte metálico até à porcelana que se diz originária da China (painting of China).    
Consideramos que foi por volta de uns 15.000 anos quando o homem primitivo inventou a cerâmica: crua primeiro; cozida seis milênios depois. Seja quando for, o certo é que a cerâmica é a mais antiga das artes plásticas que praticou o homem, da qual posteriormente derivou-se, de uma ou de outra forma, todas as demais. Possui a propriedade maravilhosa e quase mágica de que goza a argila: a plasticidade, ou seja, sua propriedade de deixar-se modelar facilmente estando úmida, e de conservar a forma que lhe damos, endurecendo-se ao fogo, até converter-se em um material quase eterno. Esta propriedade da argila a fez a matéria básica da arte e da indústria cerâmica, que até hoje não tem sido substituída por nada, pese a ingênuas imitações que mais significam um retrocesso que um avanço. 
A arte é uma arte tão multi facetária que assombra só enumerar suas principais conexões: tem a ver com a forma e a cor, a textura e o esmalte, o fogo e as técnicas de tornear; a geologia e a extração de argilas, é pura química e matemática para o ceramista científico, se relaciona com a mineralogia e a cristalografia, a arqueologia e as ciências antropológicas, a religião e a medicina, tem diretas conexões com a psicologia da arte e a terapia psicológica; com a história da arte, seja como execução de esculturas, murais ou vasos; com a indústria e o artesanato; enfim não há dúvida alguma de que se trata de uma arte-ciência que está correlacionada com quase todos os ramos e aspectos da cultura humana, nascendo com ela e a determinando.    
 A cerâmica é a arte de fabricar objetos artísticos, utilitários ou mistos, usando a argila como matéria prima. Esses objetos devem ser queimados em adequada temperatura, afim de que adquiram suas características definitivas, estéticas de cor e resistência.
Usa-se dividir a prática de cerâmica em três ramos principais: potes, esculturas e murais. Chamam-se potes, todos os objetos de forma de panelas, vasos, etc., que podem ser ou não de uso doméstico (utilitários).
As esculturas e os murais são muito importantes na arte cerâmica, sob o ponto de vista qualitativo, apesar do imenso caminho artístico desenvolvido nesta área.
Existem outros ramos especializados dentro da cerâmica, por exemplo, a cerâmica de uso arquitetônico para fabricação de revestimento: azulejos, ladrilhos, lajotas, etc. Outra especialidade da cerâmica é a joalheria, que permite confeccionar peças de adorno como: anéis, colares, pulseiras, botões, etc.
Finalizando, desde a idade primitiva tem sido para o homem um entretenimento fascinante tomar um pedaço de argila e modelá-lo com seus dedos para dar-lhe forma. A argila é uma matéria que por si mesma, convida a ser manipulada e desenvolve o estímulo dos potenciais criadores, latentes em todo o ser. Pelas qualidades plástica, maleável, flexível e adaptável, exerce uma grande atração sobre todos os indivíduos, seja qual for sua idade, raça ou nível de cultura.
E mais que provável que nossos antepassados usaram em primeiro lugar a argila com outros fins que o de fabricarem recipientes. A empregaram como pigmento nas pinturas rupestres e para construir refúgios. Também a modelaram para produzir pequenas figuras votivas associadas com os ritos da  fertilidade  e  as crenças religiosas; estes objetos desempenhavam  funções superiores as simplesmente decorativas.
Os primeiros vasos e garrafas de argila que se conhecem procedem de Anatolia. Levam uns sugestivos adornos geométricos pintados depois da queima. Datam aproximadamente do sexto milênio a.C. e seu cuidadoso acabamento demonstra que a cerâmica constituía já uma atividade arraigada.
Graças a  técnica do carbono radiativo que empregam os arqueólogos para estabelecer a antiguidade dos objetos, as faixas de aparição da cerâmica vão estabelecendo-se cada vez mais longes ao passado. Os recipientes cerâmicos possuem  grande importância para a arqueologia e sociologia porque permanecem inalterados (a menos que se quebrem) durante muitos mil  anos.
Denomina-se cerâmica (do grego ceramos = arcilla) todo o que se modela com uma mistura de argila e se submete à queima por meio do fogo. Em sua acepção mais corrente se trata de um produto destinado ao uso cotidiano (recipientes, copos, vasilhas em geral), a práticas rituais (urnas e vasos para a incineração) e a  representação de símbolos culturais (estatuetas votivas, imagens) em algumas épocas e civilizações.
As fases de trabalho são praticamente as mesmas, desde os métodos primitivos até  as técnicas mais modernas e elaboradas. Seu processo consta de uma serie de etapas sucessivas fixas para todos os tipos de produção: preparação do barro ou massa , modelado, secagem, impermeabilização, decoração, queima.

 
Bibliografia:
- Coletânea diversos artigos
- Almeida, Lusa - Barracão de Barro
- Cerâmica - Oficinas - SENAC - Penido, Eliana
- Cerámica  -  E. Cooper. - Ed. Parramón. Barcelona. 1978
-  Las técnicas artísticas  -  Ezia Gavazza
Ed. Cátedra. Manuales; Madrid, 1973.

 
       
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"o pote é o homem;
suas virtudes e vícios
são mostrados nisso -
nenhum disfarce é possível"
Bernard Leach
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